domingo, 30 de setembro de 2012 | By: Unknown

Panapaná:de partida



Para cada escolha:uma perda!
Sim...é essa urgência de vida,
a falta de segurança,o não encontro...
A despedida!

Para cada escolha:uma perda!
E tem outra saída?
Me jure,me rapte:se prometa,
antes qu'eu te capture!

Para cada escolha:uma perda!
Uma janela,uma porta,uma sede
e uma fome,uma procura do nada
uma angustia infame!...

Para cada escolha:uma perda!
Ahhh, estranha dor 
que me consome...
Tenho que sair de costas,
pra não gritar teu nome!

Ao tirar-te de minhas entranhas,
voaram as borboletas: 
um panapaná - de meu abdômen!

Para cada escolha:uma perda!
...e uma saudade com sobrenome!
[Quem dera pudesse colecioná-las,
ou ser invadida por um enxame...]


Mel



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4 comentários:

Anônimo disse...

Olá, Mel.

Quanta intensidade!

Teu dom de poetizar é como um rio que flui tão naturalmente que nem nos damos conta que é capaz de encher todo um oceano dentro de quem lê.

Escolhas, perdas: inevitável causa-consequencia nos assuntos do coração, não é mesmo...

Um doce abç para você, já que de doçura sei que entendes como poucos e uma semana maravihosa!

Anônimo disse...

Gostei muito do texto poético. Escreve muito bem e adoro as entrelinhas, pois são nelas que muita coisa aparece além do texto em si. Adorei. È realmente poesia(s) de mel.

Unknown disse...

Bom dia Moacir Willmondes!
Obrigada por me ler...a poesia é essa loucura que invade alma,as vezes rio caudaloso,as vezes um mar-morto!
É a verdade que dura até o tempo de ir á folha...
Como disse o poeta:

Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo.
Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros)...
Sinto crenças que não tenho.
Enlevam-me ânsias que repudio.
A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me ponta
traições de alma a um carácter que talvez eu não tenha,
nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me múltiplo.
Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos
que torcem para reflexões falsas
uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Como o panteísta se sente árvore (?) e até a flor,
eu sinto-me vários seres.
Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente,
como se o meu ser participasse de todos os homens,
incompletamente de cada (?),
por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço."

[Fernando Pessoa]


Um abraço!

Unknown disse...

Bom dia Marcelo Cardoso!

Agradeço sua presença...

É...o que dar sentido aos sentidos,é o que está nas entrelinhas...exatamente o não dito...
Do contrário...sem sentidos. E mais uma vez com o poeta maior dizendo o que é a poesia...ela deve ser um mistério para cada leitor...
Jamais saberás se a dor do poeta é a sua verdade...

Um abraço!


AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.


[Fernando Pessoa]

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